sábado, 12 de abril de 2008

Morre lentamente


Morre lentamente

Quem não viaja

Quem não lê

Quem não ouve música

Quem destrói o seu amor próprio

Não se deixa ajudar...


Morre lentamente

Quem se transforma escravo do hábito,

Repetindo todos os dias o mesmo trajeto,

Quem não muda as marcas no supermercado,

Não arrisca vestir uma cor nova,

Não conversa com quem não conhece.


Morre lentamente

Quem evita uma paixão,

Quem prefere o "preto no branco" e os "pingos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,

Justamente as que resgatam brilho nos olhos,

sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.


Morre lentamente

Quem não vira a mesa

Quando está infeliz no trabalho,

Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,

Quem não se permite, uma vez na vida,

fugir dos conselhos sensatos.


Morre lentamente

Quem passa os dias queixando-se

da má sorte ou da chuva incessante,

Desistindo de um projeto antes de iniciá-lo,

Não perguntando sobre um assunto que desconhece

E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.


Evitemos a morte em doses suaves,

Recordando sempre que estar vivo exige

um esforço muito maior do que o simples ato de respirar...

Estejamos vivo, então!


Pablo Neruda

Um comentário:

Magali Moraes disse...

Morre lentamente quem não arrisca. Sem dúvidas. É bem verdade. Mas as vezes dá medo de arriscarmos. Por que arriscando podemos morrer e morrer "de vez"... morrer rapidamente... o que também não é bom.

Beijos